Sábado, 2 de Outubro de 2004
Das quatro freguesias do nosso concelho, julgo que o Bunheiro, será a mais desfavorecida (em muitas outras coisas também, que a seu tempo abordarei), mas como ía dizendo, a mais desfavorecida, quanto a uma cobertura mínima de transportes públicos...única e simplesmentenão há; não há uma rede mínima de tranportes públicos regulares, que sirvam a freguesia do Bunheiro.
Ninguém pode pensar em usufruir desse legítimo direito para se deslocar para o trabalho ou tão simplesmente para poder ir ao Centro de Saúde a uma consulta médica. Ou tem carro, ou pode ir de bicicleta ou então vamos lá chamar um táxi.
Até há poucos anos ainda funcionou uma carreira da Rodoviária do Caima, entre a Murtosa e Ovar, que não sendo o ideal, mesmo no que diz respeito a horários, era de algum modo o elo de ligação, quer com a vila, quer com o caminho de ferro (era o meu transporte até à estação de Avanca, quando era menina e moça).
Compreende-se perfeitamente que essa carreira até desse prejuízo, tendo em conta o tamanho do autocarro e o número de passageiros e julgo que só se manteve enquanto o Sr. Gonçalo foi motorista. Como ele residia na Murtosa, fazia essa carreira, nas deslocações até sua casa. Chegada a idade da reforma, pouco mais tempo esse serviço durou. A Rodoviária do Caima é uma empresa com fins lucrativos, e como tal é perfeitamente aceitável, que tenha extinto o dito percurso.
Aqui entra ou deveria entrar, a parte social das nossas autarquias. Estarei a ser utópica...mas não seria viável, a câmara (à semelhança de outras), assegurar esse tipo de serviço? Claro que não, pondo a rolar um autocarro de 60 passageiros, isso é dispendioso e desnecessário. Também não acho que devesse ser um serviço gratuito, mas talvez bonificado. Se calhar também nem acho que a câmara devesse comprar mini-bus (se bem que com as obras camarárias anunciadas n'O Catrazana, a verba para 3 ou 4 mini- bus, seria uma gota de água, para o orçamento), para assegurar esse serviço. Acho isso sim, que deveria lançar essa ideia, pô-la a concurso, e subsidiar a empresa que se dispusesse a assegurar as ligações entre as nossas freguesias, a sede de concelho e o exterior.
No Bunheiro, não há "nada", no que diz respeito a comércio e serviços...nem a maneira de os procurar.
É o marasmo que se instala e que às vezes se custa a entender e mais ainda a aceitar.