Zeca Afonso partiu há já 20 anos, no entanto há pesoas que são mesmo imortais.
A voz dele continua vivissima nos meus ouvidos.
Quiz lembrar aqui um poema dele, e claro que o mais dificil foi escolher qual.
Não tem música, mas parece que até ouço daqui muitas vozes a trautear a canção.
Para lá do símbolo político, que ele sem dúvida foi, marcou uma fase da nossa história recente, fica-nos uma obra inconfundível e mais que digna de ser lembrada.
Maio maduro Maio
Maio maduro Maio Quem te pintou Quem te quebrou o encanto Nunca te amou Raiava o Sol já no Sul E uma falua vinha Lá de Istambul Sempre depois da sesta Chamando as flores Era o dia da festa Maio de amores Era o dia de cantar E uma falua andava Ao longe a varar Maio com meu amigo Quem dera já Sempre depois do trigo Se cantará Qu'importa a fúria do mar Que a voz não te esmoreça Vamos lutar Numa rua comprida El-rei pastor Vende o soro da vida Que mata a dor Venham ver, Maio nasceu Que a voz não te esmoreça A turba rompeu |
Cada vez mais concorrido o nosso Carnaval Infantil.
Apesar do tempo "não estar de confiança" acabou por se conseguir desfilar quase sem chuva.
Gostei muito dos pinguinzitos, da expedição ao Pólo Sul (por razões óbvias, é claro).
De resto..muita cor, muita alegria.
Sem falsos moralismos ou pudores e depois de ler alguns posts, alguns artigos, alguns mails, contra o "sim" e contra o "não", não resisti a deixar neste meu cantinho, um breve apontamento sobre o tema.
Em primeiro lugar, referendo porquê e para quê?
Dentro do meu curto saber, julgo que o refendo não é uma figura que se use com frequência, nem por dá cá aquela palha. Julgo também que se destina a saber a opinião dos cidadãos, àcerca de um tema mais ou menos delicado (para não lhe chamar outra coisa), e penso que não só para a saber, mas também para a respeitar.
Ora, se bem me lembro, é a terceira vez que se referenda o aborto. Das duas vezes anteriores a opinião do povo, foi negativa. Pergunto, será que vão fazer tantos referendos até que o povo diga que sim???.... Se querem legislar favorávelente sobre o assunto, porque não o fazem?
Ninguém se lembrou de referendar sobre o encerramento das maternidades, das urgências, dos centros de saude..... Não teria sido de igual modo, ou muito mais importante??? Mas não, aí apenas se legislou. e legislou-se por cima de tudo e de todos. Sem passar cavaco a direitos humanos e a dignidade.
Nessa aspecto, só tenho uma opinião, legislem e deixem-se de referendos.
Mas vendo a outra parte da questão.
Cada vez mais vejo o "não" como uma grande hipocrisia. Afinal sempre se fizeram abortos; quem tem dinheiro, vai a Espanha, (ou a uma clinica portuguesa que sob uma capa honesta faz o mesmo) paga e traz um serviço "limpo"; quem não tem vai a uma "enfermeira-abortadeira" qualquer , que faz o mesmo serviço sem um mínimo de condições de higiene, com graves riscos e cobrando decerto muito mais do que o trabalho merece e a infeliz poderá pagar. No entanto normalmente é esta infeliz que paga as favas, porque no seguimento disso tem complicações, bate com as costas no serviço público e muitas vezes na barra do tribunal.
Gostava muito de saber se os púdicos defensores do "não", se tivessem por exemplo um deslize extraconjugal (e isto é só um exemplo, porque todos sabemos que eles seriam incapazes de dar uma facadinha no matrimonio) donde resultasse uma gravidez, corriam a abortar ou não (e aqui falo para os dois sexos pois acho que o aborto é geralmente matéria que diz respeito a dois); Ou nem indo tão longe ...bastava que fossem as púdicas filhas, dos púdicos senhores, que enfrentassem uma gravidez inconveniente; No mesmo caso podemos encaixar os pastores da igreja, que coitados não são santos, e já lhes basta terem que carregar com a cruz do celibato. Será que aceitavam assim "das mãos de Deus" um filho resultante de um devaneio??? (ou o devaneio será meu e isto não existe?)
E depois...convenhamos que enquanto tudo isto se mantiver na clandestinidade, é um grande negócio para muitas pessoas.
Para mim, enquanto mulher e mãe, acho que a decisão cabe a cada um e que nenhuma mãe põe a hipótese de abortar, de ânimo leve. Não creio que seja uma decisão fácil. Por trás tem que haver razões com muito, muito peso; e nesse caso que lhes sejam dadas pelo menos as condições mínimas de higiene e segurança.
Não sou de forma alguma a favor da liberalização do aborto, Sou isso sim contra a hipocrisia e negócios de bastidores, que este assunto encerra.
Para quem não me conhece muito bem, devo esclarecer que engravidei aos 17 anos, solteira, no seio de uma familia católica onde nem sequer tive coragem de dizer que estava grávida, no entanto em nenhum momento pensei em abortar.
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